Poder e desigualdade no Brasil

O escritor Cesar Calejon abriu o debate da última mesa do FLIV-Rio, na tarde do sábado, dia 30, “Poder e desigualdade: o retrato do Brasil no começo do século XXI”, afirmando que, no Brasil, existem dois tipos de democracia: a democracia formal, onde há a possibilidade de revezamento no poder e a democracia do cotidiano, na qual a população mais pobre tem acesso limitado aos bens. Ele também lembrou que o Brasil se tornou um país viciado num modelo agro financeiro dominado pela bancada ruralista, pelo lobby do mercado financeiro e da indústria mineradora.
Outro participante da mesa, o também escritor João Cezar de Castro Rocha, concordou dizendo que o país está em uma encruzilhada. A esquerda não está em crise, mas precisa se reformular. “Depois de cinco eleições do PT, as desigualdades não foram fundamentalmente alteradas. Precisamos deixar de ser um país de esfarrapados”, mas também afirmou que o período de conciliação passou. “Entre o primeiro governo Lula e o último, não teve uma pedra no caminho e, sim, teve o Bolsonaro. E o executivo não ajuda em nada porque temos o Arthur Lira, o maior chantagista do país. Com isso, o PT e, principalmente, o Lula acabam sendo responsabilizados por tudo”.

Calejon aprovou a afirmação, mas lembrou que não dá para conciliar com qualquer movimento à direita. O escritor disse que o Centrão é péssimo, mas com a esmagadora maioria no Congresso, ele acaba sendo uma possibilidade. Tanto João Cezar, quanto Calejon defendem que está na hora da estratégia da esquerda mudar, dentro das regras democráticas e o presidente Lula falar com a população, em cadeia nacional, que vai taxar os milionários, quem ganha acima de 50 mil reais e diminuir o imposto dos trabalhadores que recebem menos de 5 mil reais.