O discurso: A construção do ódio

A manhã do último dia do FLIV-Rio foi marcada pela exibição do documentário “O Discurso: a construção do ódio”, realizado pelo CRIAR Brasil e que, através de depoimentos de vítimas de intolerância e entrevistas com especialistas que estudam o tema, apresenta como se dá a construção do ódio e suas consequências, como agressões e assassinatos. O filme aborda esse problema no Brasil e traz ainda recorte dessa dimensão internacional do discurso de ódio propagado pela extrema direita.

A exibição foi seguida de debate. Rosangela Fernandes, coordenadora do Criar Brasil e doutoranda da Escola de Comunicação da UFRJ, abriu o debate convidando o público para uma troca de ideias sobre possíveis saídas para combater o discurso de ódio.
Francisco Izidoro, diretor do Sinttel-Rio, abordou o discurso intolerante contra os sindicatos, identificado no contexto geral, não isolado, e que tem a ver com a proposta dessa edição do FLIV-Rio que é a de superar a ignorância e o ódio. Sua fala seguiu destacando a importância dos sindicatos para a efetivação dos direitos e que há uma ignorância generalizada, que faz o próprio trabalhador não saber o papel de cada sindicato que o representa. Segundo ele, essa construção do ódio é feita pela direita, pelo patronato, pelo Congresso, através da Reforma trabalhista, e ainda pelos dirigentes sindicais, que precisam ampliar esse debate e se comunicar melhor através de ferramentas que cheguem ao trabalhador e à trabalhadora.

A professora da Escola de Comunicação da UFRJ, Suzy dos Santos, também concentrou sua fala na construção do ódio aos sindicatos, lembrando que quando movimentos sociais como o MST começaram a se organizar, ouvia-se muito: “quero ver quem é trabalhador.” Segundo ela, as esquerdas e os movimentos progressistas foram pegos de surpresa num movimento de desvalorização dos sindicatos e deu como exemplo, as mulheres que eram obrigadas a trabalhar na pandemia e que não tinham com quem deixar seus filhos. Suzy destacou ainda que a direita e a religião têm ocupado esse espaço de cuidado e disse ainda que o Brasil não realizou as reparações necessárias, seja com os escravocratas, com militares da ditadura ou com figuras como Bolsonaro, que ainda em 1999, quando era deputado, disse que o então presidente Fernando Henrique Cardoso deveria ser fuzilado. Após as falas, houve participação intensa da plateia, com contribuições relevantes e perguntas direcionadas à mesa.