A construção do idiota

Na tarde desta sexta-feira (29), um dos palcos do FLIV-Rio recebeu o escritor e juiz Rubens Casara para um debate sobre seu livro “A Construção do Idiota: O Processo de Idiossubjetivação”.

Casara defende que o “sujeito idiota” é fruto de uma formatação social que o leva a agir contra seus próprios interesses e a aceitar o absurdo como algo natural. Segundo ele, a expressão “parece que vive fora da realidade” deixa de ser metafórica ao se compreender que esse processo cria uma nova percepção de realidade. Para ilustrar as consequências desse fenômeno, Casara destacou como o egoísmo, visto historicamente como uma negatividade desde antes da tradição cristã, foi ressignificado no imaginário neoliberal. Nesse contexto, marcado pela ideia de competição e da necessidade de superar o outro, o egoísmo passou a ser considerado uma virtude.

O debate também contou com a participação de Luiz Eduardo Soares, antropólogo e cientista político, que analisou os impactos do neofascismo em associação com o neoliberalismo na formação das subjetividades. Para Soares, o avanço desses fenômenos produziu formas diferentes de compreender a subjetividade, criando “mundos paralelos” capazes de sensibilizar os indivíduos. Ele afirmou que, diante desse cenário, não é mais possível discutir os grandes problemas políticos apenas a partir de interesses econômicos, lutas políticas ou ideologias tradicionais.

Encerrando o evento, Casara mencionou os antídotos propostos em sua obra contra a formação de indivíduos idiotas. Entre eles, destacou o estímulo ao pensamento crítico, a valorização da política e do debate público, além da defesa do amor como uma abertura radical ao outro, reconhecendo e acolhendo a diversidade e as diferenças.