Sem rebeldia e esperança não há esquerda

Um debate com um tema desafiador: pensar a esquerda brasileira nos dias atuais. A plateia lotada evidenciou a importância e a atualidade do assunto. Gilberto Palmares, presidente do CRT-RJ e ex-deputado estadual, afirmou que entre os pontos necessários para repensar a esquerda é preciso incluir a discussão do papel dos movimentos sindicais. Palmares lembrou a importância, num contexto de extrema direita, de encontrar novos caminhos de comunicação que aproximem trabalhadores(as) das entidades sindicais, assim como assumir novas bandeiras e combater o esvaziamento ideológico dessas instituições.

O mestre em Ciência Política, Mateus Mendes, ressaltou que a humanidade enfrenta hoje a
transição de hegemonia, do paradigma produtivo e a crise climática, além da emergência da extrema direita. Mendes destacou que todas essas questões têm como fundamento concepções de mundo e que é preciso pensar em caminhos de reaproximação das bases, a partir de bases ideológicas.

“A revolução é a luta pela felicidade”, disparou José Genuíno, ex-deputado federal e ex-presidente do PT na abertura de sua fala. Genuíno, interrompido por aplausos em vários momentos, se disse sobrevivente da coação da ditadura militar e da democracia liberal, tendo sido parlamentar durante 26 anos, e, nessa condição, defendeu que a ideia da revolução é cada vez mais necessária.

Pontuou que o dilema da esquerda – que também é da história do Brasil – é a pressão para que haja um enquadramento para evitar a destruição. Definiu-se como apoiador crítico do governo do presidente Lula e afirmou que a esquerda precisa aprofundar a crítica ao sistema capitalista globalizado, financeirizado e destruidor de pessoas.

Lembrou que o primeiro governo do PT fez uma revolução silenciosa ao incluir o povo no orçamento por meio dos programas sociais. Apesar de cuidarem do bem-estar da população, se descuidaram dos corações e mentes, o que é fundamental resgatar quando se rediscute o papel da esquerda. Lembrou que as classes dominantes cobraram a conta e hoje tem feito o PT se dobrar diante do mercado financeiro e da pressão do mundo corporativo. “Hoje, o capitalismo, além da mais valia e do lucro, quer dominar a cabeça das pessoas”, afirmou. Diante da crise, é necessário apontar caminhos e ter lado; tomar partido.

Genuíno reiterou a necessidade não só de construir uma frente ampla, mas ter o apoio de forças sociais e políticas que deem legitimidade e força à luta. Defendeu que é preciso “se libertar da farda, da droga e da batina” e salientou que a esquerda não pode ser reformista. Para Genoíno, sem rebeldia e esperança não há esquerda.