O FLIV-Rio começou com um tema desafiador. A primeira mesa, na manhã da quinta-feira (28/11) teve como tema “Telecomunicações, Inteligência Artificial e Mercado de Trabalho”, moderada pelo diretor do Sinttel-Rio, Marcello Miranda.
Os riscos da utilização da Inteligência Artificial (IA) foram abordados pelo professor Flavio Mosafi, doutorando do IME – Instituto Militar de Engenharia. O pesquisador alertou para problemas como o racismo algoritmo, ressaltou que é necessário a regulação das redes e alertou para profissões que serão mais fortemente impactadas com o chamado aprendizado de máquina. Entre elas, a de teleatendente de call center.
Já o professor Marcelo Kischinhevsky, da UFRJ, abordou a disputa entre as plataformas com as mídias comerciais e alternativas. O poder dos algoritmos de prender a audiência, evitando que o usuário desconecte e consuma outras mídias como rádio e TV. E alertou para os interesses comerciais que bloqueiam acesso a material alternativo, universitário, popular e progressista, por exemplo.
O professor informou que há rádios nos EUA e na Europa feitas 100% pela IA, que geram locução robótica muito próxima à humana e definem os conteúdos, com impacto para o emprego e para as informações que chegam à sociedade. “Não tem outra forma senão regular as plataformas. É preciso que haja indicadores de qualidade de mídia, com parâmetros definidos e que as plataformas remunerem as mídias e os profissionais envolvidos. Há esse movimento em alguns países, mas nenhum no Brasil. Esses recursos são fundamentais também para a mídia alternativa e educativa”, afirmou.
A participação de Márcio Patusco, do Conselho Diretor do Clube de Engenharia, teve como foco o setor de telecomunicações e os avanços tecnológicos, o fim da telefonia fixa e avanços como o 5G e o 6G. Ele alertou para os bens da União que estão sendo repassados a preço irrisório para operadoras privadas: “Isso é um escândalo e nem as ações tomadas pela sociedade civil conseguiram barrar a entrega dos bens reversíveis”, denunciou. Patusco também abordou a dificuldade de garantir a democratização do acesso à internet.
O debate reforçou a importância de mobilização da sociedade para intervir no processo, nas políticas públicas e enfrentar os interesses comerciais das grandes corporações envolvidas nos avanços tecnológicos.
“ Temos que ter consciência que a Inteligência Artificial está sendo apropriada pelas grandes corporações e precisamos reagir a isso para construir uma sociedade mais justa e menos desigual”, encerrou Marcello Miranda.