MESA: GREVE E NEGOCIAÇÃO COLETIVA

A segunda mesa do primeiro dia do Fliv-Rio levantou um debate de total interesse da classe trabalhadora: greve e negociação coletiva. A conversa, mediada por Luís Antônio Silva, Presidente da Federação Livre e Coordenador Geral do Sinttel-Rio, teve como ponto de partida as reflexões de Carlindo Rodrigues de Oliveira, economista do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), que investigou o tema em sua tese de doutorado.
Oliveira traçou um panorama do movimento grevista no Brasil de 1978 a 2008 e, no seu estudo, derruba alguns mitos como, por exemplo, a ideia de que as greves foram mais numerosas nos anos 80 e declinaram nos anos 90. O levantamento do economista mostra o oposto: houve mais greves na década de 90, um arrefecimento na primeira década dos anos 2000 e uma explosão delas entre 2013 e 2016. O economista destaca, porém, que o caráter das paralisações são diferentes em relação ao setor do trabalhador grevista e ao tipo de movimento: daquele mais aguerrido e reivindicatório até, o mais recente, de caráter defensivo, diante da perda de direitos.
O economista destacou que greve e negociação coletiva são dimensões complementares da luta sindical. E fez uma reflexão sobre o momento que vivemos de perda de referências como o coletivo, a fraternidade, a luta. Em seu lugar, vem crescendo, no mundo todo, a ideia do produtivismo, da meritocracia e do individualismo. “Negociação sem organização e pressão é teatro. É preciso retomar uma forte mobilização de bases lideradas por sindicatos ativos”, ressaltou.
A mesa contou ainda com a participação de Jardel Leal, ex-operário da indústria naval e economista do Dieese, que avaliou a relação capital x trabalho a partir da tese apresentada por Carlindo. E trouxe uma série de questionamentos: “Como vamos fazer a luta da classe trabalhadora daqui para a frente? Que direção tomar? Houve uma adequação da luta sindical a uma forma de negociação de conflito?”, perguntou.
O debate seguiu com participação intensa da plateia sobre o futuro do movimento sindical e da luta dos trabalhadores.